terça-feira, 30 de março de 2010


O que acontece quando o desejo entorpece a alma ?
como a noite dominando o céu
como as mãos que tentam conter a finura das areias.

O que acontece com as pessoas que queimam em brasas
sem a dignidade de um rosto,
sem a paixão suave
como o céu que nos cobre diariamente.

Talvez se eu concedesse a realidade ao verso,
traduzindo o quanto me sinto esquecido,
abandonado em meio à multidão de corpos
de gestos,
de prazeres sutis
impensados e efêmeros.

A poesia é como o candelabro abandonado
onde as paixões ardem separadas dos sentimentos
isoladas da vontade de se entregar,
sombreadas pelo orgasmo intenso
e ordenadas pela pele queimando.

O que acontece se misturamos as latitudes de uma amizade
com as longitudes de um corpo desejável ?

Meus sentidos estão dispersos
sem sentir,
sem discernir e
meu rosto já não sorri
não nomeio mais as coisas
nem pessoas...

Esse desejo atroz de se contar nos dedos
as paixões,
trazem em meu peito diversas marcas,
revelações incomum das percepções poéticas...

O que eu faço com todo esse amor ?

Sentimentos que transbordam da alma
que são abstratos,
ou tamanho emocional
causam confusões,
mágoas.....

Minha poesia carece de uma musa definitiva,
de uma insólita experiência amorosa,
de uma mulher que vire minha cabeça pra baixo...

O que acontece quando somos mal compreendidos ?

Esses eventos amorosos que às vezes, se transformam
em terríveis momentos,
com consequências assustadoras,
inesquecíveis....

Acredito em outros tipos de relação,
sem grandes emoções,
sem abalos
sem os avessos...

Quero me acostumar com os amores tranquilos,
pacíficos,
de intensidade e ao mesmo tempo
profundo....

A tarde se calou hoje,
aturdida pelos meus pensamentos, 
meus medos 
e minhas dúvidas...

O que acontece quando dois sentimentos se digladiam dentro de nós ?

Brilhando como diamante em meio à pedra bruta
quero o convívio doce,
o sexo leve,
o ócio compartilhado
os versos que povoam meu íntimo...

Poema: Marcello Lopes

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